Viver até 300 anos. É possível?
Em 1740, quando a França realizou o primeiro censo na Europa, a expectativa de vida humana era de 25 anos; hoje está em 75; daqui a seis anos chegará em 120; até o final do século, 300… Grande parte dessa evolução se deve às revoluções tecnológicas que se dão no mundo, na visão de Paulo Vicente dos Santos, professor de Estratégia na Fundação Dom Cabral, palestrante que abriu a programação do segundo dia na ExpoGestão 2024. “Desvendando um mundo em ebulição” foi o tema da palestra, analisando a grande revolução tecnológica atual, marcada por transformação digital, transição energética, corrida espacial e a melhoria humana.
“Os Estados Unidos – acentua o professor – vêm investindo em formas de trazer a manufatura em larga escala de volta ao país. Como fazê-lo, quando China e Índia concorrem em condições desiguais, com mão-de-obra baratíssima? A resposta passa pela melhoria humana, visando aumentar a capacidade em até três vezes!”
Para chegar lá, o primeiro passo é a transformação digital, investindo fortemente em novas tecnologias para melhorar o desempenho. A chamada indústria 4.0 dá exemplos dessas inovações: robôs cada vez mais completos, impressão em 3D, Inteligência Artificial, Internet das Coisas, processamento e comunicação, mundo virtual…
“Numa comparação com a indústria petrolífera – detalha –, temos os dados como o novo petróleo, a análise como o novo refino e a inteligência como a nova gasolina.” Em meio a todos os avanços, o professor Paulo Vicente garante: “As novas tecnologias não destroem, mas criam novos empregos. É a chamada ‘destruição criativa’, para cada emprego destruído dois a quatro são criados. Com o surgimento de novas tecnologias, vem a necessidade de desenvolver mão-de-obra especializada. Aplicando novas tecnologias à formação”.
Recursos naturais mais baratos
O segundo ponto destacado pelo palestrante é a transição energética: “A curva dos custos dos recursos naturais vem continuamente baixando, enquanto a dos combustíveis fósseis não para de subir. Creio que as curvas vão se encontrar em 2030, invertendo-se a partir de então”.
Hoje, por exemplo, se a energia elétrica é mais barata do que os combustíveis fósseis, os veículos movidos a eletricidade são muito mais caros. Os investimentos, portanto, se direcionam ao desenvolvimento de componentes que barateiem o produto final. O custo, da mesma forma, ainda é o grande obstáculo para a utilização mais ampla de outras formas de energia renovável, como a solar.
Boa parte dessa energia, lembra Paulo Vicente, pode ser buscada no espaço. Esse é o terceiro ponto da revolução: a tecnologia espacial. O professor imagina um futuro, não muito distante, em que elevadores espaciais e a exploração de minérios no cinturão de asteroides, por exemplo, serão uma realidade.
Finalmente, a melhoria humana: “Viver até os 120 anos é uma meta bem próxima de nós. Na medicina, a revolução tecnológica está oferecendo possibilidades bem concretas. A tradicional medicina curativa deu lugar à preventiva, que por sua vez cede espaço à regenerativa. O fígado está pifando? Imprima um novo em 3D!”. A bioimpressão tridimensional é um dos itens a serviço da medicina, ao lado de outros como eliminação da obesidade, substituição de genes e terapia regenerativa com células-tronco. Imortalidade? “Otimismo exagerado” – conclui o professor, mas ressalva: “Expectativa de vida de 300 anos, sim, é possível”.