Desenvolvimento sustentável não é um tema recente no universo corporativo brasileiro. De forma coadjuvante, ele já entrou na agenda das empresas como Triple Bottom Line, na década de 90, e como Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) a partir de 2015 – só para citar dois exemplos. Mas desde 2020, quando Larry Fink, presidente da Black Rock (maior gestora de recursos do mundo, com US$ 6,96 trilhões em ativos), destacou a necessidade de as empresas passarem a considerar as dimensões ambientais, sociais e de governança em seus modelos de negócios, a sigla ESG (iniciais em inglês destes pilares) entrou na pauta das lideranças.
Marcella Ungaretti, head de Research ESG da XP Investimentos tem acompanhado um movimento muito grande dos investidores buscando investimentos alinhados com estes critérios. “O ESG permite ter uma visão muito mais holística das companhias”, destaca, informando que em todo o mundo cerca de US$ 35 trilhões são geridos de acordo com estratégias sustentáveis.
De acordo com Marcela, existem três principais razões para trazer o ESG para a gestão de uma empresa.
1. Movimento por parte dos investidores faz com que o ESG seja parte do processo de seleção das companhias para investimento. Além disso, este esforço atende às gerações mais novas, mais atentas às questões ambientais.
2. Questões de regulação. Há diversos órgãos anunciandoa que práticas de ESG vão passar a ser exigidas.
3. Retornos acima do mercado. As empresas bem posicionadas nesta agenda têm um desempenho melhor que empresas que não adotam estas práticas. “Temos observado que o ISE B3 (Índice de Sustentabilidade Empresarial) vem performando acima do IBOVESPA”, afirma Marcela.
Fatores de pressão
“O papel das empresas tem mudado não só porque é o certo a ser feito, mas porque tem diversos fatores de pressão que tem provocado esta mudança”, afirmou Luciana Schneider, diretora de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Empreendedorismo do Itaú Unibanco. Segundo Luciana, questões regulatórias trazem impactos importantes tanto para a questão de crédito quanto de investimentos. “Isso vai impactar as empresas, que passam a ter seus riscos avaliados a partir desta perspectiva”.
A gestora do Itaú Unibanco comenta que no passado as práticas da empresa estavam de um lado e o investimento social privado do outro – sendo que este praticamente mitigava os impactos gerados pelas atividades fins. “O ESG traz este novo modo de fazer em que os critérios de sustentabilidade tem que estar permeando a governança e as práticas da empresa”.
Por onde começar?
Uma boa forma de começar com a agenda ESG é procurar solução para os desafios do setor de atuação. Outra definição importante é trazer o ESG para o dia a dia das decisões. “Ao utilizar os índices Dow Jones e ISE como referência a empresa consegue entender onde está e fazer benchmarkings’, diz Luciana. E o que é muito importante: ter consciência de que esta é uma jornada de médio e longo prazos.
Marcela Urgaretti e Luciana Schneider participaram do painel Urgência do ESG no Radar ESG realizado pela FIESC. O painel foi mediado por Luciana Nabarrete (ENGIE Brasil Energia).
A Expogestão 2021 abordou o tema ESG. Para saber mais, assista a palestra “Desmistificando o ESG – a estratégia e a execução” de Nelmara Abex.