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10 indicadores para saber se a humanidade está evoluindo com a tecnologia

Esta é uma questão que constantemente nos é colocada, já que atingimos um alto índice de desenvolvimento tecnológico aliado à globalização, ou seja o aumento de negócios entre quase todos os países do mundo.

Se buscarmos uma resposta nas redes sociais, onde as opiniões são livres e abundantes, vamos encontrar desde aqueles que afirmam que caminhamos para o caos até num outro extremo aqueles que acreditam que estamos perto da solução de todos os nossos grandes problemas.

Sabemos, de longa data, que nossos posicionamentos devem ser sustentados por fatos e não por opiniões. E este é o direcionamento dado a esta questão pelo professor da Harvard University, Psicólogo e Neurocientista Steven Pinker (linkedin.com/in/steven-pinker-a51a7323) em seu livro O Novo Iluminismo: Em defesa da razão, da ciência e do humanismo, onde define critérios objetivos para medir se estamos melhorando ou piorando.

Em seu trabalho Pinker critica a imprensa que, segundo ele, foca no pânico, nas coisas ruins, no lado mórbido e não nas coisas boas. Isto combinado com nossa capacidade cognitiva de julgar com base no que vem mais fácil à mente, traz a falsa sensação de que estamos piorando e que o mundo caminha para o caos, será?

Num universo onde o excesso de dados é um problema maior que a falta de dados, como medir se, de fato, estamos evoluindo? Pinker dividiu a resposta à questão deste artigo em 10 indicadores, sempre fazendo uso de dados públicos e validados, muitos deles disponíveis no www.ourworldindata.org. Um breve resumo destes indicadores mostra que:

  1. Expectativa de vida – Em praticamente todo o mundo a expectativa de vida passou de menos de 30 anos no início do século passado para perto de 80 anos atualmente. Em países desenvolvidos isto já está acima.
  2. Saúde – Há dois séculos passados, mais de um terço das crianças morriam antes de completar cinco anos. Hoje isto tende a zero em países desenvolvidos e a taxas abaixo de 5% nos menos desenvolvidos.
  3. Sustento – A mortalidade por fome está praticamente banida no mundo hoje.
  4. Prosperidade – No início dos anos 1800, mais de 90% das pessoas viviam abaixo da linha da pobreza, hoje este número está abaixo de 10% e caindo rapidamente. Há projeções para que seja zerado até 2030.
  5. Paz – Num passado recente a paz era o intervalo entre duas guerras. Grandes nações guerreavam entre si. Isto terminou com o fim da Segunda Guerra e, apesar de ainda existirem e estarmos vivendo uma neste momento, houve também uma grande redução, no número de mortos em guerras por 100.000 pessoas, caindo de 50 mortes em 1950 para 1,2 mortes atualmente.
  6. Liberdade – Atingimos no início do Sec. XXI mais de quatro pessoas vivendo em democracias para cada pessoa vivendo numa autocracia, sendo este o maior índice da história.
  7. Segurança – Na atualidade nossas chances de morrer reduziram em 96% para acidentes de carro; 88% para atropelamento; 99% para quedas de avião; 95% para acidentes de trabalho; 89% para desastres naturais e 97% de ser atingido por um raio.
  8. Conhecimento – No início do século 20, menos de 20% da população mundial era alfabetizada. Hoje este indicador aponta mais de 90% da população mundial com menos de 25 anos sabendo ler e escrever.
  9. Lazer – Este indicador é medido por dois índices: O primeiro é a redução da quantidade média de horas trabalhadas por semana que reduziu de mais de 60 para 40 na maioria dos países. O segundo indicador é a quantidade de horas para o trabalho doméstico que também reduziu no mesmo período de 60 para menos de 30 horas por semana. O resultado é a sobra de mais tempo para o lazer.
  10. Felicidade – Os ganhos em saúde, riqueza, segurança, conhecimento e lazer aumentaram a felicidade em mais de 86% dos países.

Isto tudo é fruto do progresso definido por ele não como sendo algo místico, ou alguma coisa misteriosa, ou ainda uma força superior, mas sim o resultado do esforço humano suportado por uma ideia que é associada ao Iluminismo do Sec. XIIX. Esta ideia diz que se usarmos a razão e a ciência para melhorar o bem-estar do ser humano isto virá gradativamente.

Claro que o progresso não é inevitável. Pinker afirma que progresso não significa que tudo fica melhor para todos o tempo todo. Isto seria um milagre e progresso não é um milagre, mas sim a solução de problemas que são inevitáveis, cujas soluções vão criar novos problemas para serem resolvidos. Ele também apresenta uma série de problemas enormes que precisam ser resolvidos, tais quais: climáticos, risco de guerra nuclear, falta de energia limpa, entre outros mas que devem ser vistos como problemas a serem resolvidos passo a passo e não como o apocalipse chegando.

Ele finaliza dizendo que estamos vivendo mais, sofrendo menos, aprendendo mais, nos tornando mais inteligentes, desfrutando mais de pequenas coisas e experiências enriquecedoras, sofrendo menos assaltos, menos escravidão, menos exploração ou opressão de outros, vivendo em territórios com paz e prosperidade, que um dia podem ser a realidade do mundo todo.

Claro que restam perigos e muito sofrimento, mas ideias de como reduzir isto já temos, além de muitas outras que ainda serão concebidas. Um mundo perfeito nunca existirá e, seria perigoso se houvesse, mas não existem limites para as melhorias coisas que podemos alcançar caso continuemos a aplicar o conhecimento humano no crescimento humano, entendendo que a vida é melhor que a morte, a saúde é melhor que a doença, a abundância é melhor que a escassez, liberdade é melhor que coerção, felicidade é melhor que sofrimento c conhecimento é melhor que ignorância e superstição.

Célio Luiz Valcanaia – Doutor em Business Administration, sócio da Expogestão e do Renaissance Executive Foruns Brasil.