A arte como base para novos modelos de criação
A arte como ferramenta de inovação parece soar estranho em ambientes corporativos que estão acostumados com processos de gestão relacionados à essa temática, a partir da criação de softwares ou máquinas automatizadas e robotizadas.
Mas a tão propagada tecnologia, que virou uma espécie de base de todos os meios de inovação, não tem origem neste conceito. Para justificar a importância da arte como ação originária da tão propagada transformação moderna, o diretor-geral da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, Pavel Kazarian, foi na etimologia justificar que tecnologia é uma palavra grega relacionada aos processos que envolvem a arte e habilidade. Já a arte, no latim, evidencia talento e conhecimento técnico. E, no vocabulário alemão, a palavra tecnich encontra origem nos processos realizados por artesões e artistas.
Falando de Moscou, na Rússia, onde está em quarentena por causa da pandemia do coronavírus, Kazarian detalhou no tema “Bolshoi: inovação e tradição coexistindo para evolução”, realizado nesta terça-feira (19/10), durante o evento online ExpoGestão 2021, a importância da arte como base para a estimular novos modelos de criação, a partir da renovação da motivação da alma.
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Funcionário do famoso teatro russo desde 1998, Kazarian fez um resgate histórico da importância dos processos inovadores que surgiram da arte. Ele relatou que o fundador da Apple, Steve Jobs, teve como base inspiradora na milenar arte das caligrafias japonesas. Já o famoso propagador da art-pop dos anos 60, o americano Andy Warhol, inovava com uso de câmeras portáteis para fazer vídeos artísticos e transmissões de apresentações, hoje evidenciadas nas plataformas digitais.
Ao relatar as dificuldades que os grandes artistas mundiais passaram, como a insatisfação do público na estreia do famoso balé O Lagos dos Cisnes, em 1877, ou que o pintor holandês Vincent Van Gogh não vendeu nenhum quadro enquanto esteve vivo, o palestrante mostrou as dificuldades que os processos criativos representam antes de se tornarem ícones.
No resgate da história do clássico Lago dos Cisnes, o processo de inovação foi a inclusão da música na apresentação, que até então era tratada de forma secundária nos espetáculos. Até que o compositor Piotr Tchaikovski fez uma obra-prima que quebrou paradigmas. Levou tempo para que o público entendesse o significado da orquestração no balé, hoje imprescindível.
Kazarian relatou um artigo do empresário Anderson Nieslon, o qual cita “que o motivo que leva à inovação está vinculado em ações ordinárias e corriqueiras, e mesmo aquilo que é considerado mais disruptivo, muitas vezes é resultado da soma de vários avanços incrementais”.
Segundo o diretor-geral do Bolshoi do Brasil, um dos maiores objetivos é convencer os interpretes e plateia que muitas obras de arte não são arcaicas e antigas. Como, por exemplo, o balé Gisele. Com 200 anos de história, essa foi uma obra inovadora na época, pois tratou sobre injustiças sociais.
“O melhor que devemos fazer é respeitar o passado. Os aprendizados nos permitem permanecer firme aqui, mantendo a tradição e a excelência e incentivando processos de inovação. A arte e a cultura transformam a sociedade. E estar com olhar atento a isso é estar à frente das mudanças. Em cada novo problema pensamos em novas soluções. O Bolshoi faz parte desta indústria que sacia a demanda pelo belo, alimenta a alma, conforta, repara, anima, espanta a tristeza e renova a esperança. Por isso seguimos inovando sem ser disruptivo. Renovando em ações voltadas à qualidade para manter a esperança de todos nós”, destacou Kazarian.
As palestras da ExpoGestão 2021 acontecem de forma online. O evento acorre até o dia 21 de outubro, por meio do site. A organização é da Ópera Eventos Corporativos.