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Quem nos tornamos durante a pandemia – consumo e tendências
Quem nos tornamos durante a pandemia: consumo e tendências
O cenário de restrição de acesso e redução de renda fez dos aplicativos os grandes parceiros da pandemia. De um lado, facilitavam a vida da classe mais nobre, enquanto salvavam o orçamento dos menos favorecidos
É fato: a pandemia do Covid-19 não foi a mesma para diferentes classes sociais, ampliando a desigualdade já existente. A afirmação é resultado de 27 estudos sobre os impactos do vírus na vida das pessoas, apresentado por Renato Meirelles, um dos maiores especialistas em consumo do Brasil, durante a Expogestão 2020. Em março, quando o Brasil implementou o lockdown, as classes mais altas se preocupavam com a falta de álcool gel na prateleira das farmácias. Aos moradores da periferia restava conviver com a ausência da água potável.
O brasileiro desenvolveu novos hábitos de consumo, ressignificou a casa tornando-a local de trabalho, escola e espaço para compras. Tudo passou a ser feito no ambiente doméstico. Além disso, outros três fatores condicionaram os hábitos durante a pandemia: a queda da renda nas famílias, presente em 64% dos lares, a missão de se proteger da doença e as percepções do contexto. Nesse contexto, a classe A se manteve fiel às marcas favoritas, já que as despesas de mercado pouco impactam o orçamento familiar. Nas classes C e D, foi necessário experimentar marcas novas de diversos itens para compensar a diminuição das receitas.
Algumas mudanças que pareciam ser momentâneas acabaram acelerando o processo de democratização tecnológica. Aos 39% que já faziam compras por delivery e pretendem manter esse hábito, foram somados outros 10% que pediram por aplicativos pela primeira vez. O Brasil avançou cinco anos ao longo de cinco meses. E não, não voltaremos ao que éramos antes. Pelo menos é isso que garante Renato, advertindo: “Não há motivo pra se preocupar. Depois da peste negra, por exemplo, veio o iluminismo, um dos maiores momentos de expansão de ideias e de renda”.